A Quadrante é a empresa que desenha os Projetos de Engenharia, Arquitetura, Ambiente e Sustentabilidade.
Foca-se nos setores da Energia, Mobilidade e Cidades Sustentáveis. Em cada parque de turbinas eólicas, por exemplo, a probabilidade de ter por trás os engenheiros da Quadrante é elevada, já que estamos a falar da maior empresa de engenharia em Portugal e que é cerca de três vezes a dimensão da segunda maior.
Em entrevista, Nuno Costa, CEO da Quadrante, fala de alguns projetos em Portugal:
“Fomos responsáveis pela expansão da rede de metro de Lisboa e Porto; pelo projeto de expansão da capacidade aeroportuária na região de Lisboa. Na área da transição energética, participámos em projetos de energias renováveis e em projetos relacionados com a extração e conversão de lítio em Portugal. Desenvolvemos também o projeto para a nova gigafactory em Sines e ainda várias unidades de hidrogénio verde e biogás. Na área das cidades sustentáveis, temos sido responsáveis por vários projetos de melhoria de sistemas de abastecimento de água e drenagens, entre muitos outros. Foi nosso o projeto de engenharia do novo hospital Lisboa Oriental, conhecido como Hospital de Todos os Santos.”
Em Portugal está apenas 30% da atividade da Quadrante, que se assume como uma empresa global. O CEO explica que:
“Atualmente estamos presentes em mais de 20 países organizados em quatro mercados, cada um com o seu gestor.”
Estão assim em Portugal, Médio Oriente e África, por um lado; Espanha e América Latina por outro; Roménia e Europa de Leste; e finalmente Brasil e Chile.
“Atuamos através de subsidiárias locais — em Espanha, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Moçambique, por exemplo — e também com escritórios de representação em mercados estratégicos, o que nos permite proximidade cultural, legal e de clientes”, explica. “Temos uma estratégia clara de expansão”, revela.
“O próximo grande passo é o mercado norte-americano, onde acabámos de contratar um CEO e estabelecer uma joint-venture com uma empresa local. Os EUA são um mercado sofisticado e exigente, mas de uma enorme dimensão e com necessidade de melhorar profundamente a sua infraestrutura energética. A nossa entrada não se limita apenas a transmissão e distribuição: queremos também estar na geração renovável”, revela.
Isto numa altura em que a administração Trump está a desinvestir na “energia verde”. O que não trava a Quadrante, pois:
“Independentemente de ciclos políticos, a transformação energética é incontornável, na medida em que existem necessidades prementes de aumento de produção de energia”, defende Nuno Costa.
“Essas necessidades dificilmente se podem atender apenas pelas formas de geração ‘tradicionais’, já que a energia renovável tem ciclos de implementação muito mais rápidos. Fará por isso certamente parte do portefólio variado de produção que em qualquer país é necessário”, acrescenta.
“Continuaremos também a reforçar a presença na Europa de Leste, América Latina e em África, em áreas onde acreditamos ter know-how diferenciador”, refere o CEO.
Há um ano a Quadrante comprou a Meta Engineering, grupo espanhol de consultoria e engenharia, mobilidade sustentável e produção de energia renovável, e a 3Drivers, a consultora portuguesa líder em economia circular.
A compra da Meta Engineering e da sua participada Izharia (Energias) “acrescentou competências críticas em mobilidade sustentável e energia renovável, reforçando a nossa presença em Espanha e Latam”, consolidando o Grupo como player ibérico relevante.
Nuno Costa alerta que:
“Tanto em Portugal como nos EUA, em Espanha e em muitos países da América Latina, é necessária uma remodelação profunda das redes.”
Acrescenta que:
“É preciso reforçar a capacidade, digitalizar infraestruturas, integrar armazenamento e adaptar a rede para haver produção descentralizada e adaptação aos novos consumidores, como data centers.”
Defende que o investimento deve ser conduzido por operadores de rede, mas em parceria com investidores privados e com enquadramento regulatório claro dos governos.
Há uma onda de data centers a chegar à Ibéria por causa da IA e Nuno Costa diz que:
“Portugal tem condições importantes para acolher um importante conjunto de investimentos deste tipo. Temos energia a custos competitivos pela penetração das renováveis, condições geográficas e cabos submarinos que nos ligam à Europa, América e África.”
Considera que a inteligência artificial vai exigir capacidade massiva de dados e Portugal pode captar parte desse investimento.
“Em Portugal, a Engenharia não é bem tratada. Basta ver que o setor público compra frequentemente serviços de Engenharia com o critério de preço mais baixo”, diz.
Nuno Costa defende mesmo que:
“A Engenharia devia ser assumida como cluster estratégico em Portugal, como já acontece com o turismo ou as energias renováveis”, pois, diz, “temos talento, universidades e empresas competitivas e uma tradição de engenharia muito sólida. Nos anos 60 a Engenharia Portuguesa era reconhecida mundialmente. Nada impede Portugal de retomar esse lugar.”
Destaca que nesta indústria:
“O maior investimento é no talento, concretamente em engenheiros, arquitetos e especialistas. É uma área altamente competitiva.”
Em 2024, o Grupo atingiu 106 milhões de euros de receitas globais.
“Em 2025 esperamos crescer para 125 milhões, com geração sólida de EBITDA. Pretendemos um resultado ainda mais importante: garantir a contínua satisfação dos nossos clientes e dos nossos mais de mil colaboradores.”
Nos últimos cinco anos cresceram 35% ao ano em vendas. O CEO reconhece ainda que:
“A entrada do fundo de private equity Henko trouxe um incremento da disciplina de gestão e uma visão internacional reforçada.”